segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pútrida Liberdade

Chegou esbaforido até a casa dela. Pulou o portão e tropeçou num azulejo quebrado da área. Correu no corredor negro do hall de entrada. Era tudo escuridão e um doce perfume de rosas. Então pode deparar com que seus olhos mais temiam. Ela jazia morta. Morta, estática e fria. Caiu de joelhos e em prantos se aproximou do corpo. Queria tocá-la, mas o véu da morte não permitia este luxo. Neste momento ouvia vozes aos milhões gritando. Suplicando pelo apelo de clemência. Mas nada o permitia isto mais. Estava diante do corpo de sua amada e somente o corpo. Não podia tocar sua alma e alcançar auroras de prazer. Lembrou dos momentos que não queria mais lembrar, momentos que o fizeram feliz e agora traziam todas as cargas negativas que a alegria proporciona. Sentia demasiadamente extasiado pela dor. Seria sentimento de tempo perdido ou tempo enganado. Não queria mais sentir, a vida quis que fosse. Crente destino de corrupção. Não tinha mais esperanças, somente descrenças. Mas precisava de ópio. Busca-lo-ia em fontes benevolentes e perder novamente. Decidiu não decidir.Saiu e deixou que natureza fizesse sua parte pobre do destino

Ao virar as costas ela derrubou uma única lágrima falsa. Caminhou até janela, viu enquanto ele caminhava torto até a esquina. Pegou o telefone, discou e disse.

- Livre para viver.

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