quarta-feira, 30 de julho de 2008

Parte V – Nith-Haiah

[Aviso leia a partir da Parte I - Prelúdio de Luz]


Saiu da nuvem da nuvem de poeira altivo. Passos firmes os guiariam a continuidade de sua jornada. Notou que tudo no seu quarto estava no devido lugar. Com exceção do corpo de seu antigo eu que ainda estava esparramado no chão ensangüentado. Aproximou-se do corpo. Notou que ele ainda usava um colar. Era uma simples corrente de prata com um pingente. O pingente um símbolo que Acácio desconhecia. Uma espécie de sol poente com nove raios. Era bonito e decidiu pega-lo. Não se preocupou com o corpo, pois estava abandonando a casa naquele mesmo instante. E caso alguém encontrasse o corpo ele seria o último suspeito. Iriam encontrar seu próprio corpo. Seria a morte um dos passos para a libertação? Não quis pensar nisto agora. Vestiu uma calça jeans azul e uma camiseta pólo preta. Sairia e buscaria pela anu-preto, entregaria as resposta que tinha encontrada em troca de recompensas. Mas por onde sairia? Pela recepção do prédio não. Seria um tanto esquisito, encontrarem seu corpo sabendo que foi visto saindo do prédio instante depois de ser morto. Sentiu uma sintonia diferente em suas artérias. Fora capaz de realizar façanhas inimagináveis para um humano qualquer. Do que mais seria capaz? Queria testar-se. Caminhou até a área dos fundos. Onde tinha sua velha máquina de lavar roupas e um tanque cheio de lodo. A janela dava para os fundos do prédio. Normalmente não ficavam pessoas ali em baixo, logo não havia o que temer caso alguém o visse pulando. Fixou-se na janela. Estava no oitavo andar, a queda seria fatal para qualquer humano. Entretanto não era qualquer, era um Despertado. De cócoras observou ao redor. Respirou. Observou o concreto onde projetaria seu corpo. Saltou. Um momento de redenção. Seu corpo em queda livre, Projetou-se com os braços abertos e olhos fechados. Instante s de pura magia com a sensação de gravidade zero. Todos os seus órgãos pareciam congelados no tempo. O coração palpitava fortemente. O cérebro dançava entre milhões de imagens. O vento forte fazia seus cabelos tremerem. Sua boca permanecia estática em um sorriso de redenção. Um estrondo metálico.

Relutou em abrir os olhos. Teria calculado mal o tempo de queda? Abriu e se viu presos aos braços de metal de alguma criatura com asas. Era asas enormes com mais de 4 metros de comprimento. Não podia observar quem ou o que o carregava. Estava de costas para a coisa. Esforçando-se para levantar a cabeça apenas vira um par de botas metálicas. Quando se deu por si estava a uma altura inimaginável, talvez quilômetros de altura. Enxergava o chão como um quadro embaçado. Começou a se mexer e forçar uma saída rápida. Não era inteligente. Mas não tinha noção do que era capaz e arriscaria tudo. Sem compaixão consigo. Um apertão um pouco mais forte o fez tranqüilizar-se. Bem seja lá o que o carregava era bem forte, mais forte que qualquer demônio que enfrentara anteriormente. Viu se aproximando de uma grande montanha. Coberta por nuvens tempestuosas. Uma águia gigantesca passou rente a Acácio. Temeu pois era uma águia negra com olhos vermelhos. Seu cheiro era de carniça.

Quando se deu conta estava aproximando-se velozmente da montanha. Uma formação redonda de colunas gregas de mármore branca era o cume da montanha. Onde Acácio foi despejado. Observou que numa das extremidades do círculo de mármore havia uma parede. Com correntes. Tinha o tamanho ideal para acorrentar um homem pelos membros. Só agora se deu conta do que o havia transportado. Um enorme homem com dois metros de altura, loiro de cabelos lisos, que se escondiam por detrás de um elmo ricamente adornado de ouro e pedras preciosas. Usava uma armadura totalmente feita de prata. Carregava consigo um escudo e uma espada longa. Suas longas asas brancas não deixavam duvidas era uma espécie de anjo.

- Sabe onde está Acácio? Mais novo desperto.- Disse o anjo com um austero mas uma voz doce mesmo assim.

- Em algum lugar bem. Mais alto que qualquer mortal qualquer pode chegar. Seremos formais, não? Qual a sua graça?- Disse Acácio devolvendo parte da austeridade do anjo na forma de sarcasmo.

- Não sejamos irônicos. Mau nome é Nith-Haiah. Um anjo da esfera destacada para proteger os humanos de certas inconveniências do destino. Trouxe até aqui para mostrar-lhe um caminho de luz e paz. E não infortúnios e desavenças com o resto da humanidade. Pode ser mais feliz sem tanta guerra. Num local onde só paz prevalece e os valores morais desenvolvidos por nosso senhor atuam em perfeita sincronia com a humanidade. –

Enquanto proferia estas palavras seu rosto se enchia de graça e orgulho.

-Mas ainda não sabes onde se encontra não é? – Um sorriso nem um pouco angelical surgiu em seu rosto, fazendo rugas, não antes vistas, saltarem como cães de sua face. – Você, Acácio, se encontra no cume do monte Cáucaso. Vê aquelas correntes? – Apontando para a parede numa das extremidades do círculo, onde já havia reparado nas correntes. – São as correntes que prenderam Prometeu em eras antigas. Prometeu ousou desafiar os deuses e por isso foi castigado. Aquela águia que passou do nosso lado durante o vôo devorava seu fígado todos os dias. Triste seu fim.

Acácio abaixou os olhos reflexivos no mármore branco. O anjo tentava ludibriá-lo de que sua missão era um erro. Porém ele sabia que para Despertar tinha que vencer mais este inimigo.

- Pobre de ti Nith-Haiah. Acho foi cegado pela sua armadura de prata. Ou pior fora um coitado condicionado a não pensar em outras perspectivas a não ser a de seu senhor. Vem-me vender ideologias falidas. Achas que sou favorável ao relapso mental como forma de salvação? Muito se engana. Sou um desperto da força do homem. Tenho plena consciência que estes deuses censores dos humanos, que buscam respostas, não passam de estórias, para causar temor na massa ignorante. Prometeu levou o fogo até os humanos, acendeu a chama que tornaria os humanos a espécie dominante deste planeta. Por isso não temo teu castigo caxias. Estou no trono de titãs.

Nith-Haiah rugiu de raiva. Seus olhos acenderam-se de dourado. Uma luz terrivelmente forte projetou-se de seus olhos. Sacou sua espada e colocou seu escudo em posição de defesa. Acácio neste mesmo instante sentiu todo seu corpo tremer em hordas de redenção. Seus olhos de farol também se acenderam. Seus músculos explodiram. Sua mente plainou. Um novo êxtase. Uma batalha pela Realidade. Algo nunca antes visto pela humanidade, muito menos pelas divindades, estava para aproximar-se. Uma batalha épica. Acácio estava próximo de enfrentar seu maior inimigo. Um inimigo com milênios de experiência, na arte de dominar os mortais. As nuvem se tornaram mais tormentosas e inúmeros raios caíram no campo de batalha. O monte Cáucaso era caos. Olhos se cruzaram. Atacaram.

Continua...

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